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Compreender o modelo de gestão da dor e dos factores de incapacidade para a reabilitação

Modelo Pddm

Introdução

No domínio da reabilitação, a abordagem da dor crónica associada a perturbações músculo-esqueléticas, em particular a dor lombar, representa um desafio significativo para os profissionais de saúde. A abordagem tradicional do diagnóstico e da gestão da dor lombar inespecífica tem frequentemente deixado os doentes e os médicos com falta de orientação informativa. Em resposta a este desafio, o investigador canadiano Yannick Tousignant-Laflamme desenvolveu o Modelo de Gestão dos Factores de Dor e Incapacidade (PDDM), que fornece um quadro estruturado para identificar e abordar os múltiplos factores de dor e incapacidade em doentes com doenças músculo-esqueléticas. Esta publicação do blogue tem como objetivo fornecer uma compreensão aprofundada do Modelo PDDM, dos seus componentes e das suas implicações para a prática clínica.

Compreender o modelo de gestão dos condutores de dor e incapacidade

O Modelo PDDM foi conceptualizado como um quadro de diagnóstico para abordar a complexidade da dor crónica e da incapacidade, particularmente no contexto da dor lombar. O modelo engloba três dimensões principais: factores determinantes da dor, factores determinantes da dor e da incapacidade e factores determinantes da incapacidade. Dentro de cada dimensão, o modelo identifica cinco domínios-chave: factores nociceptivos, factores de disfunção do sistema nervoso, factores de comorbilidade, factores cognitivo-emocionais e factores contextuais. Estes domínios visam captar a natureza multifacetada da dor músculo-esquelética, abordando os factores biológicos, psicológicos e sociais que contribuem para o estado do doente. Para cada dimensão, podes ver um círculo interior, assinalado como A, e um círculo exterior, assinalado como B. A refere-se a elementos mais comuns e/ou modificáveis, enquanto B se refere a elementos mais complexos e menos modificáveis, que exigem uma abordagem mais agressiva ou cuidados interdisciplinares para tratar eficazmente o domínio problemático

Modelo Pddm
Tousignant-Laflamme et al. (2017)

O raciocínio subjacente aos cinco domínios baseia-se numa revisão exaustiva da literatura, que destaca os diversos mecanismos e factores de prognóstico que influenciam a dor e a incapacidade em doentes com doenças músculo-esqueléticas. Ao integrar estes domínios, o modelo procura fornecer uma compreensão holística da condição do doente e orientar os profissionais de saúde na formulação de planos personalizados de gestão da reabilitação.

Aplicação do modelo de gestão de condutores de dor e incapacidade

A aplicação do Modelo PDDM começa com um processo de avaliação estruturado que envolve a utilização de medidas de resultados relatados pelo doente (PROMs) sob a forma de questionários e raciocínio clínico para avaliar o perfil do doente nos cinco domínios. Os profissionais de saúde são encorajados a utilizar sistemas de classificação para os factores de disfunção nociceptiva e do sistema nervoso, ao mesmo tempo que abordam as comorbilidades, os factores cognitivo-emocionais e os factores contextuais através de intervenções específicas.
Para mais orientações, Yannick e a sua equipa desenvolveram a escala de classificação do PDDM que pode ajudar-te a percorrer cada etapa do modelo durante a tua avaliação.

Se queres sensibilizar o sistema nervoso de alguém, deixa que a dor exista e não faças nada

- Yannick Tousignant-Laflamme quando questionado sobre o papel das comorbilidades

O modelo enfatiza a importância da gestão personalizada da reabilitação, adaptando os planos de tratamento para abordar os factores específicos de dor e incapacidade identificados em cada doente. Esta abordagem requer uma estratégia de tratamento multifacetada que vá além das intervenções biomecânicas tradicionais, reconhecendo a influência dos factores psicossociais e ambientais na experiência de dor e incapacidade do doente.

Exemplos de doentes Pddm
Tousignant-Laflamme et al. (2017)

Desafios e oportunidades

Embora o Modelo PDDM ofereça um quadro estruturado para abordar a complexidade da dor músculo-esquelética, a sua implementação apresenta desafios e oportunidades para os profissionais de saúde. Um dos principais desafios reside na necessidade de mais formação e desenvolvimento de competências clínicas para abordar eficazmente os factores cognitivo-afectivos e contextuais. Os profissionais de saúde, em particular os fisioterapeutas, podem precisar de melhorar as suas capacidades de comunicação e aconselhamento para envolver os doentes em discussões sobre as representações da sua doença e os factores psicossociais que afectam a sua experiência de dor.

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Além disso, a incorporação de PROMs e a interpretação dos resultados da avaliação exigem uma compreensão abrangente das propriedades psicométricas e da utilidade clínica destas medidas. Isto exige uma educação e formação contínuas para garantir que os médicos possam utilizar eficazmente os PROMs para informar a sua tomada de decisões clínicas e o planeamento do tratamento.

Apesar destes desafios, o modelo PDDM representa uma oportunidade para melhorar a qualidade dos cuidados prestados aos doentes com doenças músculo-esqueléticas. Ao adoptarem uma abordagem mais abrangente e personalizada à gestão da reabilitação, os profissionais de saúde podem melhorar os resultados e a satisfação dos doentes. Além disso, o modelo incentiva a colaboração interdisciplinar, reconhecendo a necessidade de cuidados coordenados que envolvam vários profissionais de saúde, como terapeutas ocupacionais, psicólogos e médicos, para abordar os diversos factores de dor e incapacidade.

Direcções futuras

À medida que o Modelo PDDM continua a evoluir, os futuros esforços de investigação e desenvolvimento centrar-se-ão no aperfeiçoamento do modelo para condições músculo-esqueléticas específicas, na expansão da sua aplicação à dor cervical e na melhoria da acessibilidade do modelo através de ferramentas de avaliação em linha. Além disso, serão envidados esforços para fornecer aos médicos orientações mais prescritivas sobre as opções de tratamento adaptadas aos factores de dor e incapacidade identificados. Ao desenvolver e divulgar o Modelo PDDM, os profissionais de saúde podem melhorar a sua capacidade de abordar a natureza multifacetada da dor músculo-esquelética e melhorar os cuidados centrados no doente.

Conclusão

O modelo de gestão dos factores de dor e incapacidade oferece um quadro estruturado para compreender e abordar os factores complexos de dor e incapacidade em doentes com perturbações músculo-esqueléticas. Ao integrar factores biológicos, psicológicos e sociais, o modelo fornece uma abordagem abrangente à gestão da reabilitação, realçando a necessidade de intervenções personalizadas e multidimensionais. Embora a sua implementação apresente desafios, o modelo representa uma oportunidade para os profissionais de saúde melhorarem os cuidados e os resultados para os doentes. À medida que o modelo continua a evoluir, tem o potencial de transformar a abordagem da reabilitação músculo-esquelética, melhorando, em última análise, a qualidade dos cuidados prestados aos doentes com dor crónica e incapacidade.

Referências

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