Osteoartrite glenoumeral

Introdução
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Doença articular degenerativa que afecta a cartilagem, o osso e os tecidos moles à volta da articulação gleno-umeral.
Epidemiologia
- É frequente em indivíduos com mais de 60 anos, mas pode ocorrer mais cedo. Os sintomas incluem dores nas articulações, rigidez e restrições de movimento.
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Factores de risco: Idade, genética, displasia articular, obesidade, exercício excessivo, traumatismo articular, artropatia da coifa dos rotadores e certas profissões.
Quadro clínico
- Dores profundas nas articulações, relacionadas com a atividade, normalmente na parte posterior. Restrição da amplitude de movimentos passivos, nomeadamente da rotação externa. Com a progressão da doença, podem ocorrer dores nocturnas e em repouso, sintomas mecânicos como o entalamento e o bloqueio.
- Diagnóstico baseado na apresentação clínica, história do doente, exame físico e confirmado por imagiologia (raio-X ou ressonância magnética). Os critérios BESS incluem dor >3 meses, redução global da ADM e radiografias para confirmar.
- Diagnósticos diferenciais: Lágrimas da coifa dos rotadores, dor na articulação AC, ombro congelado, instabilidade do ombro, síndrome de Parsonage Turner, necrose avascular, artrite reumatoide, artrite séptica, artropatias de cristal, OA acromioclavicular, neoplasia e plexite braquial.
Tratamento
- Toma medicamentos: Paracetamol oral e AINEs recomendados para o controlo da dor. Analgesia à base de opiáceos não aconselhada para utilização a longo prazo.
- Injecções de corticosteróides: Não há provas que apoiem a utilização de rotina.
- Bloqueio do nervo supraescapular (SSNB): Utilizado para dores agudas e crónicas do ombro.
- Opções de cirurgia: Artroscopia, Hemi-artroplastia, Resurfacing da cabeça do úmero, Artroplastia total anatómica do ombro, Artroplastia total inversa do ombro,
- A fisioterapia como parte de uma estratégia de tratamento multimodal mostrou melhorias sustentadas num ensaio de Guo et al. (2016).
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